Florianópolis, 18.11.2014 - Transformações como a mudança da voltagem e da corrente da energia elétrica fornecida aos consumidores e o incremento da participação de fontes alternativas na matriz energética, que podem ajudar a superar os desafios do setor no Brasil, foram discutidas nesta terça-feira, 18, no Workshop Internacional SENAI de Eletroeletrônica. Realizado em Jaraguá do Sul, o evento faz parte do escopo de atuação do Instituto de Tecnologia da entidade, integrante da FIESC. As palestras retrataram as preocupações do setor em ampliar a oferta por meio da melhoria da eficiência e da diversificação de fontes.
O consultor executivo para a América Latina do Electric Power Research Institute, Acher Mossé, prevê que até 2050, o Brasil terá 18 gigawatts de energia oriundos de fontes fotovoltaicas (solar), o que corresponde a 15% da atual capacidade instalada. Ele citou o resultado do primeiro leilão exclusivo para energia solar do Brasil, realizado pela Empresa de Pesquisa Energética e pela Agência Nacional de Energia Elétrica em outubro passado. "Estavam previstos 500 megawatts e foi contratado mais que um gigawatt, a 83 dólares por megawatt-hora. São números fantásticos", afirmou.
Mossé considera que o preço alcançado no leilão foi muito favorável e contribui para compensar, ainda que parcialmente, o aumento das tarifas de energia elétrica que o país vem enfrentando devido ao acionamento de usinas térmicas. Esse preço, segundo o consultor, revela a redução do custo das instalações solares.
A geração de energia solar, no entanto, tem muitos desafios, salientou Mossé. Por isso, ele compreende que a fonte somente será viável quando planejada e integrada com as demais fontes. "O crescimento certamente será rápido e, por ser rápido, deve ser ordenado", enfatizou. Ele observa que a integração dos sistemas proporcionará a confiabilidade e consistência da rede.
"Guerra das correntes"
O pesquisador alemão Bernd Wunder estima que o sistema elétrico pode melhorar de 5% a 7% sua eficiência mudando a corrente (de alternada para contínua) e a voltagem (para 380 volts) da energia entregue aos consumidores residenciais e comerciais. Ele citou pesquisas em que participa no Instituto Fraunhofer de Sistemas Integrados e Tecnologia de Dispositivos, de Erlanger-Nurenberger. Wunder afirmou que algumas experiências estão funcionando em ambientes específicos, como no próprio Instituto Fraunhofer, e estima que a disseminação do novo modelo no mercado consumidor possa ocorrer dentro de cinco ou dez anos. A melhoria da performance, segundo ele, decorre da redução de perdas nos processos de conversão de voltagem e de corrente e da transmissão do insumo. As limitações atuais estão nos riscos de acidentes e de superaquecimento de equipamentos e do sistema, que pode alcançar 20 mil graus Celsius.
A disputa entre os defensores das duas modalidades de corrente elétrica não é recente. E notória entre os profissionais do setor a expressão "guerra das correntes", uma referência ao embate travado no final do século 19 entre Thomas Edison (inventor da lâmpada e fundador da General Electric), que defendia a corrente contínua, e Nikola Tesla (Westinghouse), defensor da corrente alternada, que se sobressaiu por causa da tecnologia existente na época e que persiste até hoje. O surgimento das redes inteligentes (smart grids) permite a mudança de padrão.
Wunder iniciou sua fala informando que ao se preparar para o workshop, pesquisou sobre a matriz energética brasileira e constatou a pequena participação da energia solar. "O melhor ponto de irradiação solar da Alemanha é igual ao pior do Brasil", afirmou, ressaltando o potencial fotovoltaico brasileiro.
Tração elétrica
O engenheiro Helcio Makoto Morikossi, da Weg, expôs pesquisas que a empresa realiza em parceria com o Instituto SENAI de Tecnologia em Eletroeletrônica, de Jaraguá do Sul. São oito projetos em andamento, focados no desenvolvimento de tração elétrica.
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